segunda-feira, 16 de março de 2015
quinta-feira, 12 de março de 2015
Um escritor no mês: as palavras de Agustina
"Todos os meus livros são,
afinal, só isso, a oportunidade de milhões de almas, únicas, todas elas, almas
de sapinhos cheios de importância de viver. [...] Uns partem um pouco depois de
dizerem bom dia, outros ficam até morrer. Todos se continuam naquilo que têm de
profundamente entre si - a vocação para serem sós, porém aceites por cada uns
dos outros. Porque a solidão que me acusam de impor aos meus personagens, como
uma grilheta, é apenas a sua individualidade biológica, a exclusividade, a
reivindicação superior da sua própria luta. Um homem jamais corresponde a outro
homem; as suas reacções e conclusões não equivalem a vivência de outra alma, a
experiência do outro eu. O mistério do eu cumpre-se em cada homem de forma única". (1)
Há muitas coisas belas na
terra, mas nada iguala a recordação de um dia de Verão que declina, e temos 11
anos e sabemos que o dia seguinte é fundamental para que os nossos desejos se
cumpram. Quem conservar este sentimento pela vida fora está predestinado a um
triunfo, talvez um tanto sedentário, mas que tem o seu reino no coração das
pessoas. (2)
O mais veemente dos
vencedores e o mendigo que se apoia num raio de sol para viver um dia mais,
equivalem-se, não como valores de aptidões ou de razão, não talvez como sentido
metafísico ou direito abstracto, mas pelo que em si é a atormentada
continuidade do homem, o que, sem impulso, fica sob o coração, quase esperança
sem nome. (3)
Não são os crentes que se salvam; são os que esperam em plano de igualdade com o que é eterno - a vida humana e a realidade dos seus direitos. Devo acrescentar aqui alguma coisa que sempre me pesou: acima dos amigos eu tive o pensamento; além da gratidão, eu pus o amor forte e generoso pela vida. (4)
Agustina
Bessa-Luís, in:
(1) in Revista Lusíada. Porto, Outubro, 1955.
(2) As Pessoas Felizes
(3) Sibila
(4) O chapéu de fitas a voar
(1) in Revista Lusíada. Porto, Outubro, 1955.
(2) As Pessoas Felizes
(3) Sibila
(4) O chapéu de fitas a voar
segunda-feira, 9 de março de 2015
Título: Voo Noturno
Autor: Antoine de Saint-Exupéry
Edição: 1ª
Páginas: 215
Editor: Casa das Letras
ISBN: 978-972-46-2050-3
CDU: 821.131.1-93
Sinopse: Numa nova semana ainda sob
o foco da cultura francesa e de um seus grandes nomes, justamente Antoine de
Saint-Exupéry. Voo Nocturno dá-nos em livro, um autor maior da literatura
universal. Nas suas páginas, revemos a nossa natureza exposta aos sonhos e aos
desejos, de respirar com os outros novas dimensões de humanidade. Em Voo
Noturno Saint-Exupéry dá-nos a descoberta dos grandes espaços, entre o mar e o
deserto, na ousadia de superar as limitações do homem sobre a natureza. Um
pouco auto-biográfico, Voo Noturno é um desenho de um Homem maior, aquele que
enfrenta no ar todos os desafios ainda num tempo humano.
segunda-feira, 2 de março de 2015
Um livro - Longos dias têm cem anos
Título:
Longos dias têm cem anos
Autor: Augustina Bessa-Luís
Edição: 1ª
Páginas: ...
Editor: Guimarães Editores
ISBN: 978-972-665-568-8
CDU: 821.134.3-94"19/20"
Autor: Augustina Bessa-Luís
Edição: 1ª
Páginas: ...
Editor: Guimarães Editores
ISBN: 978-972-665-568-8
CDU: 821.134.3-94"19/20"
Sinopse:
"Maria Helena não tem a simpatia pronta, por isso as entrevistas que dá
embatem contra uma superfície lisa, um espelho onde tremem reflexos, onde se
procuram teoremas. O repórter tenta desdobrá-la como um pano
cuidadosamente enrolado, e sucedem-se os espaços neutros e, de certa maneira,
as evasivas. Ela não confia nesse intuito de divulgação, porque o espírito
humano não se divulga. A paz e o sofrimento não se divulgam; são fluidos depois
de usados, e, no momento em que se praticam, não têm rosto e, assim, não se
podem descrever.
(...)
Todas as vezes em que procurei Maria Helena porque eu estivesse doente, ou
desanimada (como foi o caso, em 1965, de eu pensar em deixar o País), aí
deparei com a verdadeira presença que não se distrai, não vagueia, não ilude.
Maria Helena reage às coisas concretas e essenciais com uma prontidão
admirável.
É
raro que as pessoas tenham esse respeito pelo essencial. Costumam escapar ao
essencial e ocupar-se pormenorizadamente do acessório. E a vida parece nelas um
tumulto de confabulações e artes, sem nada de resistente ou de culto.
Aproximamo-nos da Maria Helena e ela pode olhar-nos como se fôssemos um objecto
mais ou menos preciso mas que não atrai a curiosidade nem o afecto. Mas se
tocamos esse registo do essencial, se houver em nós um risco, um alarme, ela
actua e torna-se de repente incansável; algo mais do que amizade e incorrupção
da aliança humana surge, como uma flor."
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