segunda-feira, 24 de setembro de 2018

A iniciar o Outono

Espírito do Outono

Terei de falar do espírito do outono
agora que setembro
chegou ao fim. (Espírito
é palavra suspeita: não há
hipócrita que não se abrigue
à sua sombra.) Será
a embriaguez? O vento matinal
arrastando folhas
raparigas canções?
O sopro frio das estrelas?
Será a beleza,
o espírito do outono? Há um limite
para o homem, um limite
para suportar o peso do mundo.
Da beleza, da bárbara
orgulhosa beleza, quem sabe defender-se
sem medo do coração lhe rebentar?

Eugénio de Andrade, In "O sal da língua"

segunda-feira, 20 de agosto de 2018

As palavras e o tempo


Deixou-se afogar numa frase. Tinha uma relação íntima com as palavras. sentindo sede, lia a palavra 

Água

escrita numa folha, às vezes sobre a pele, a própria ou a de alguém que pudesse sentir como sua, e desapareciam-lhe todos os desertos do mundo e da boca.

A cada página, um biejo dado, uma montanha escalada, uma estátua erguida. Livros houve que fizeram dele o maior pintor de todos os tempos, mesmo que fora dos livros não fosse capaz de distinguir um traço de uma cor, eram conceitos esquivos.

A fome, matou-a com a pontuação de frases estudadas, cusoiu na cara dos infractores, governantes de mais nada a não ser de si próprios, exoloeadores, conspiradores, esclavagistas.
Mais que viajar no tempo, fez o tempo viajar em si, foi o primeiro organismo unicelular, a flutuar no líquido amniótico do planeta, um mar de esperanças, de probabilidades, de fantásticos acontecimentos e rotineiras evoluções. Foi a água que nos divide, foi muitos em simultâneo, tempo infinitos e dispares com deiferentes traduções, cada caminho uma linguagem. Foi a vitória genética a caminhar sobre a terra e a perfeição aquática que se instala nas profundezas, foi o pássaro que se fez levar pelas correntes aéreas, o azul da natureza na sua etérea condição.

Subiu às árvores e tocou o dia, seguiu a matilha e uivou à lua, os seus dias foram horas que foram séculos que foram milénios, andou de pé, um passo de cada vez, dois apoios sobre o verde, a terra molhada e depois seca, foi o caminho que seguiu, todos os que pôde seguir, não decidiu onde estar, escolheu tudo o paralelo de tudo. Num frenesim evolutivo, descobriu o fogo. Pedra lascada, inventou a roda, construiu cidades, foi todas elas, os impérios que ergueu, as civilizações que fez cair, foi a agridoce extinção, foi perpétuo. Morreu, renasceu, foi ressureição e fim trágico, doce, esperado, adiado, inevitável. 

Foi povos inteiros em jornadas pelos continentes, caminhou sobre as placas tectónicas quando ainda estavam juntas, foi às profundezas, foi o tremor a rasgar o solo, foi a incerteza de gente que se viu afastada, a ânsia do regresso, de uma descoberta, foi fascínio e medo. Foi todos os bravos que atravessaram os oceanos apara chegar ao outro lado, foi os mares e o chão, foi a brisa que dá a volta ao mundo, foi o próprio planeta, feito de pó das estrelas, foi o sol, todas as constelações, o insecto esmagado na palma da mão, a sua e todas as outras. Foi gueereiro e foi à guerra, o assassíno e a vítima, a morte e o choro de todos os bebés, os nascidos e os eternamente por nascer, foi a civilização que grassa e conquista terreno sem dó nem piedade, foi todos os sentimentos que assombram os apaixonados, os prisioneiros, os condenados.

Foi cliente num café de bairro e sentou-se sem exigir nada a ninguém, trouxeram-lhe um copo de água escrita que não soube agradecer, o empregado ficou à espera de um qualquer pedido que nunca veio, um bolo, um galão, um pão de leite com um pouco de manteiga, só uma das metades barrada, caprichos de pequeno-almoço ou do lanche a meio da tarde, hábitos que ajudam a matar o tempo e o bicho. Nada, nunca pediu nada, nem silêncio nem outro ruído que não fosse o ocasional estilhaçar de uma chávena no chão ornado de guardanapos e migalhas.

Deixou-se afogar numa frase e esqueceu-a por momentos que duraram uma vida. Quando lhe perguntaram qual era, nunca soube o que dizer. Viveu bem assim, até fachar o livro.

Filipe Homem Fonseca, "O tempo que viaja", in Revista Bertrand.
Imagem: Copyright - Hans Silvester, Man reading a book with sika deers, Nara Park, Japan, 1960's

domingo, 6 de maio de 2018

Dia da mãe

"Quando eu for pequeno, mãe,
quero ouvir de novo a tua voz
na campânula de som dos meus dias
inquietos, apressados, fustigados pelo medo.
Subirás comigo as ruas íngremes
com a certeza dócil de que só o empedrado
e o cansaço da subida
me entregarão ao sossego do sono
...
Quando eu for pequeno, mãe,
os teus olhos voltarão a ver
nem que seja o fio do destino
desenhado por uma estrela cadente
no cetim azul das tardes
sobre a baía dos veleiros imaginados.
...
Quando eu for pequeno, mãe,
nenhum de nós falará da morte,
a não ser para confirmarmos
que ela só vem quando a chamamos
e que os animais fazem um círculo
para sabermos de antemão que vai chegar.
...
Quando eu for pequeno, mãe,
trarei as papoilas e os búzios
para a tua mesa de tricotar encontros,
e então ficaremos debaixo de um alpendre
a ouvir uma banda a tocar
enquanto o pai ao longe nos acena,
lenço branco na mão com as iniciais bordadas,
anunciando que vai voltar porque eu sou
[pequeno
e a orfandade até nos olhos deixa marcas.
...
José Jorge Letria, «Quando Eu For Pequeno»,
in O Livro Branco da Melancolia
Imagem, Claudia Tremblay, Maternitat

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Promoção da leitura - Inciativas

A junta de freguesia de Alvalade promove entre 7 e 13 de Maio um conjunto de actividades, a que designou, Capital da Leitura. As actividades desenvolvem-se em torno do livro e da Literatura, tendo um destaque especial a obra de José Cardoso Pires.
Iniciativa que procura dirigir-se a diversos públicos, sendo todas elas de natureza gratuita. O seu cartaz de divulgação traz-nos o autor de Delfim, como uma citação muito pertinente sobre a leitura: "Lê-se para ter prazer. Lê-se para ter inquietação.".

Do vasto programa é possível destacar uma mostra documental e exposição sobre José Cardoso Pires, a realizar na Torre do Tombo. Iniciativa a ser realizada no dia sete, assim como a conferência a realizar por José Mário Silva e com alguns escritores importantes , como Mário de Carvalho ou Gonçalo M. Tavares . O local da realização deste evento será na Biblioteca Nacional, no Campo Grande.

No dia oito realiza-se uma conversa com Inês Pedrosa e o encenador João Silva sobre a censura. Esta iniciativa decorrerá na Appleton Square e irá incluir uma sessão dinamizada pelo Grupo de Teatro Terapêutico, do Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa.

Ao longo da semana vão decorrer Ateliês de Conservação e Restauro na Torre do Tombo, assim como debates sobre "a emigração portuguesa  qualificada" e uma conversa com o editor de José Cardoso Pires, justamente Francisco Vale. No sábado será construído um mural junto ao mercado de Alvalade pelo artista SKRAN, em homenagem ao escritor José Cardoso Pires.

A terminar esta iniciativa de capital de Leitura, irá realizar-se no domingo, uma Feira do Livro Infantil e que decorrerá no Jardim dos Cravos, na Rua Teixeira de Pascoais, no Bairro das Estacas. Na parte da tarde decorrerá um Laboratório de Contos a não perder, com os Contabandistas de Histórias. Para este conjunto de iniciativas a Junta de Freguesia de Alvalade conta com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa, da Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, da Biblioteca Nacional de Portugal, entre diferentes entidades da cidade.

quarta-feira, 2 de maio de 2018

Educação para os Media

O terceiro encontro para os Media irá decorrer no dia quatro de Maio de 2018, no auditório da Escola Secundária de Camões, em Lisboa. Trata-se de uma iniciativa da Direcção-Geral da Educação, da Rede de Bibliotecas Escolares e do Plano Nacional de Leitura 2027.

O terceiro encontro para os Media tem como grande objectivo proporcionar "um espaço de reflexão e debate sobre a educação para os media". Fenómeno das sociedades actuais, a informação assume-se como uma área muito importante, pois influencia de um modo particular a Cidadania.

Neste encontro serão partilhadas práticas interessantes desenvolvidas nas escolas, como forma de estimular outros a dinamizar actividades nas escolas e bibliotecas. Existe a possibilidade do encontro se tornar uma acção de formação, estando a mesma sujeita a inscrições e a um limite de vagas. 

domingo, 29 de abril de 2018

Manguel - os livros e a literatura


Alberto Manguel é um homem de livros, um bibliófolo e um apaixonado por esse espaço de recolhimento e silêncio que são as Bibliotecas. De certo modo é um homem de um mundo que se constrói a pensar, a ler e a escrever sobre esse pensamento e essa leitura. Em muitos aspectos é um sonhador, como Ulisses à procura de uma Ítaca, mas ainda à procura de uma resposta que de um ponto final permita fazer outros recomeços.

Alberto Manguel faz-nos pensar na Literatura, nas suas possibilidades, naquilo que as palavras permitem de identificação com os outros, do nosso próprio reconhecimento do mundo. Ele dá-nos essa certeza de como as Bibliotecas são espaços de renovação de cada um, nas suas perguntas essenciais. o que somos em cada momento? Com eles descobrimos que mesmo nesses espaços há histórias para encontrar, para a construção de uma identidade, mas afinal só as encontramos em parte. Afinal somos uma parte fraccionada do que julgamos ser.

Alberto Manguel é um wanderer, um viajante sem lugar fixo, um homem à procura de um espaço, onde possa colocar a sua Biblioteca. Afinal só ela é que lhe dá um sentido de pertença. Só ela para compor uma identidade no espaço dos fantasmas, da vida que mal se compreende. Só nela para deixar as perguntas que nunca são respostas, pois a Literatura ama a contradição da vida e joga nela todas as seduções do inesperado, dos outros. 
....

terça-feira, 10 de abril de 2018

Mês do livro e da leitura - abril 2018


Mês do Livro e da Leitura

Lemos com os ouvidos os barulhos da cidade,
com os olhos a beleza da paisagem,
com o cheiro o doce e o amargo e com o tato descobrimos
cada textura.

1 a 30 abril | Bibliotecas de Lisboa | (via RBE)

segunda-feira, 2 de abril de 2018

Dia internacional do livro infantil

A dois de Abril celebra-se o Dia Internacional do Livro Infantil, em memória de uma dos mais importantes escritores para o público infanto-juvenil (Hans Christian Andersen) e para celebrar a importância do livro infantil. Objecto de leitura e de prazer lúdico como elemento formativo e de incentivo à imaginação. A IBBY (International Board on Books for Young People) todos os anos procura um escritor que se dedicando à escrita de livros para o público infantil possa deixar uma mensagem para celebrar este dia. A mensagem de 2018 foi escrita por Inese Zandere, escritora da Letónia com uma obra premiada há já algum tempo. Eis a mensagem que vale a pena ler e pensar como leitura de um objecto primordial.

"As pessoas inclinam-se para o ritmo e para o equilíbrio, tal como a energia magnética organiza as aparas de metal numa experiência da física, tal como um floco de neve forma cristais a partir da água.

 Num conto de fadas ou num poema, as crianças gostam de repetição, de refrãos e de temas universais, porque eles podem ser reconhecidos uma e outra vez – trazem ao texto regularidade. O mundo ganha uma ordem bonita. Ainda me lembro como, em criança, lutava comigo mesma para defender a justiça e a simetria, pela igualdade de direitos da esquerda e da direita: se tamborilava com os dedos em cima da mesa, contava quantas vezes tinha de bater com cada dedo, para que os outros não se sentissem ofendidos. E quando aplaudia, batia com a mão direita na esquerda, mas depois pensava que não era justo e aprendi a fazê-lo de maneira contrária – batendo com a esquerda na direita. Este desejo instintivo de equilíbrio parece engraçado, é certo, mas mostra a necessidade de evitar que o mundo se torne assimétrico. E eu tinha a sensação de ser a única responsável por todo o seu equilíbrio.

 A inclinação das crianças por poemas e por histórias surge igualmente da sua necessidade de levar harmonia ao caos do mundo. Da indeterminação, tudo tende para a ordem. As canções infantis, as canções populares, os jogos, os contos de fadas, a poesia – são formas de existência ritmicamente organizadas que ajudam os mais pequenos a estruturar a sua presença no grande caos. Criam a consciência instintiva de que a ordem do mundo é possível, e que as pessoas têm nele um lugar único. Tudo conduz para este objetivo: a organização rítmica do texto, as linhas com letras e o design da página, a impressão do livro como um todo bem estruturado. O grande revela-se no pequeno, e damos-lhe forma nos livros infantis, mesmo quando não estamos a pensar em Deus ou na dimensão fractal. Um livro infantil é uma força milagrosa que favorece o enorme desejo das crianças e a sua capacidade de ser. Promove a sua coragem de viver.

Num livro, o pequeno é sempre grande, de forma instantânea e não apenas quando se chega à idade adulta. Um livro é um mistério onde se pode encontrar algo que não se procurava ou que não estava ao nosso alcance. Aquilo que os leitores de uma certa idade não conseguem compreender, permanece na sua consciência como uma impressão, e continua a atuar mesmo quando não o compreendem totalmente. Um livro ilustrado pode funcionar como uma arca do tesouro de sabedoria e cultura mesmo para os adultos, da mesma forma que as crianças podem ler um livro para adultos e encontrar nele a sua própria história, um indício para as suas jovens vidas. O contexto cultural molda as pessoas, estabelecendo as bases para as impressões que se farão sentir no futuro, assim como para experiências mais difíceis, às quais terão de sobreviver sem por isso terem de deixar de ser íntegras.

Um livro infantil representa o respeito pela grandeza do pequeno. Representa um mundo que se cria de novo uma e outra vez, uma seriedade lúdica e preciosa, sem a qual tudo, incluindo a literatura para crianças, seria apenas um trabalho pesado e vazio."

Inese Zandere, " O pequeno torna-se grande num livro", IBBY, 02.04.2018
Imagem - Cartaz para a versão portuguesa, Fátima Afonso

domingo, 1 de abril de 2018

Abril


É um mês de muitas possibilidades. É um recomeço a construir um pensamento livre, como uma circunferência de giz a imaginar detalhes de um sonho.  É um mês de promessa, o do Verão a sobrar de dias ainda pouco quentes, de uma luz de cor de mar, ou de céu de montanha. É um mês de livros, a declamar palavras em ruas de chuva, a sonhar com o mês das rosas.
É Abril, um mês a imaginar um pensamento, como aves penduradas no vento. 
Contemplava a própria vida
na sorte desses instantes
que tanto se assemelham a furtivos lírios
à chegada da noite
mas dizia: um coração é sempre um pássaro
evadido à censura da penumbra

nenhum sofrimento conseguia desfazer
as muitas exaltações que mantinha
e mesmo à beira do abismo
exibia uma facilidade talvez sem razão

quando a arte das chamas se tornou
nas cidades uma ciência ameaçada
percebemos que há muito nos falava
do interior das florestas

José Tolentino Mendonça. (2010). “Furtivos lírios”, in Baldios. Lisboa: Assírio & Alvim.

Imagem (Via Dias com Árvores) -  Vicia latyroides, ou Ervilhaca-miúda: na confluência do rio Sabor e Maçãs (Terra Quente - Trás-os-Montes).


terça-feira, 20 de março de 2018

Miúdos a votos - promover a leitura

A leitura pode ser promovida de diferentes modos. Chamar à atenção para o valor civilizacional da leitura é algo que pode ser feito num ambiente mais formal ou de um modo lúdico. 

A revista Visão e a Rede de Bibliotecas Escolares promovem uma campanha “Miúdos a votos, quais os livros mais fixes?”, em que se pretende que os alunos dêem conta de um livro em que possam defender como um objecto com o qual se identificaram ou dele retiraram um simples prazer de ler.

Os alunos podem fazer uma campanha eleitoral por um livro fixe e apelar aos colegas que participem numa votação nacional. Votar por um livro, por um conjunto de ideias é sem dúvida uma forma lúdica e divertida de promover o livro e a leitura. Existe um conjunto de livros para fazer a escolha e essa campanha e que se encontram no link abaixo.

Fonte:  Visão Júnior|

sábado, 17 de março de 2018

Um poema por dia ... (1)

Um poema por dia - a imaginação para iluminar ou compreender o real!

Bailarina fui
Mas nunca dancei
Em frente das grades
Só três passos dei

Tão breve o começo
Tão cedo negado
Dancei no avesso
Do tempo bailado



Dançarina fui
Mas nunca bailei

Deixei-me ficar
Na prisão do rei

Onde o mar aberto
E o tempo lavado?
Perdi-me tão perto
Do jardim buscado

Bailarina fui
Mas nunca bailei

Minha vida toda
Como cega errei

Minha vida atada
Nunca a desatei
Como Rimbaud disse

Também eu direi
«Juventude ociosa
Por tudo iludida"
Por delicadeza
Perdi minha vida

Sophia de Mello Breyner Andresen. (1977). "Por delicadeza, in O nome das coisas. Lisboa: Moraes Editores.

sexta-feira, 16 de março de 2018

Memória de Natália Correia



“Sou da ilha das línguas de fogo. Com elas aprendi a metrificar o espírito. O indizível”. (1)


Breves textos sobre Natália Correia:

(1) Fernando Dacosta. Natália Correia, O Botequim da Liberdade.


    quinta-feira, 1 de março de 2018

    Março


    Lá vai Março de mansinho
    - para ser ele o primeiro -
    a percorrer o caminho
    que vai de Castelo Frio
    - o lugar de onde partiu -
    ao Palácio Florentino:
    o jardim à beira rio
    onde nasce a Primavera.
    Mas quando chega, uns casais
    já montaram casa e esperam
    que lhes nasçam uns meninos.
    E Março, que é educado,
    cumprimenta os maiorais,
    tira o chapéu e lá diz:
    - Bom dia, senhores pardais.
    Mas logo sente uma chama,
    como se em dia de festa:
    abre os braços e proclama:
    - Já chegou a Primavera!
    Da Floresta é este o Dia
    e, já agora, da Poesia! 
    João Pedro Mésseder. Livro dos Meses

    sábado, 10 de fevereiro de 2018

    Directrizes da IFLA - Bibliotecas Escolares


    Directrizes da IFLA (Federação Internacional de Associações de Bibliotecas e Instituições) para as Bibliotecas Escolares. 

    Referência bibliográfica da página Internet [NP405-4]
    PORTUGAL. Ministério da Educação. Gabinete da Rede Bibliotecas Escolares. Portal RBE: Diretrizes da IFLA para a biblioteca escolares, 2.ª edição [tradução RBE]. [Em linha]. Lisboa: RBE, atual. 21-11-2016. [Consult. 10-02-2018] 
    Disponível em WWW: <URL: http://www.rbe.mec.pt/np4/1853.html>
    (Via)

    quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

    Fevereiro

    Cada dia é uma perna.
    E Fevereiro é esse mês.
    que perdeu duas ou três:
    ou ficou com vinte e nove
    ou vinte e oito, bem vês.
    Mesmo com pernas a menos
    já corre o bom Fevereiro
    p'rà casa da Primavera,
    que quer ser o mês primeiro
    a chegar a essa meta.
    E não é, mas fica perto:
    pois tanta é a chuva e o granizo
    que ele às vezes escorrega
    em lameiros e colinas.
    E o prémio de consolação?
    É a festa do Carnaval
    que quase sempre lhe calha
    là p'rò final da corrida.
    E é ver o bom fevereiro,
    mascarado, já festeiro,
    a solatar vivas à vida.

                                           João Pedro Mésseder, O livro dos meses