quarta-feira, 8 de julho de 2015

As Bibliotecas: a palavra


As Bibliotecas são a mais bela invenção da humanidade. Nelas construímos uma memória e por isso nela vemos uma construção de divindade, por essa dimensão de espaço e tempo que connosco emerge em páginas de sabedoria, em filas de amizade connosco vividas. Há quem já não as ache um templo, pelas necessidades de leituras em novos formatos, pelas competências digitais que importa desenvolver. Continuo a achar que o espaço, aquela matéria de eternidade é ainda um templo. 

A Biblioteca permite ser um espaço de recolhimento, entre os livros, onde podemos desfrutar momentos de lazer e de conhecimento. Nos últimos anos tem-se insistido em classificá-las, em função da sua capacidade de construir colecções, serviços ou comunidades e destas dimensões haveriam de nascer as que seriam as melhores Bibliotecas. Ainda assim um templo.

A Biblioteca deve ser vista como um espaço cultural, de confluência de várias artes. Deve permitir a promoção da capacitação institucional. A Biblioteca é o espaço para construir a leitura, fazer leitores, alimentar esse fundo de imaginação capaz de dotar todos de melhores possibilidades de vida, porque de escolhas suportadas em conjuntos de dados, de ideias, de pensamentos mais completos, mais divergentes. Uma Biblioteca faz assim o leitor. E o que representa ler?

A Biblioteca é um espaço, mas é sobretudo o que fazemos nela, as ideias que tivemos com ela, com os livros e as que ainda tentamos ter, nos dias seguintes. A leitura. É com ela que disciplinamos o olhar e em transformamos o olhar, o ver normal, óbvio para outra coisa, onde superamos o medo e dispensamos o útil. A leitura é um dos nossos maiores privilégios.

É com a leitura que construímos na imaginação um campo de imagens. Por que ler é a partir das palavras e das frases, construir   as imagens que nos darão os mundos possíveis. Um bom leitor não lê apenas as frases, lê as imagens das palavras. Um mau leitor é o que apenas lê a frase. A palavra está muito ligada ao seu desenho, à sua caligrafia. O alfabeto, o livro, o número baseiam-se nessa ideia de desenho do traço. Deve pois, a Biblioteca acolher esse traço, envolver os leitores com esse desenho da palavra. Esse desenho da palavra conduz-nos ao livro.

Imagem - Galeria Vivienne, Paris.

1 comentário:

  1. Muito bonito...e nunca é demais chamar a atenção para a importância da leitura! A última afirmação é escultural!

    Fazes um bom trabalho!

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