domingo, 8 de setembro de 2013

Dia Internacional da Literacia

A Literacia é hoje, num mundo de informação e de generalizadas fontes e suportes, com uma socialização crescente dos jovens através dos elementos digitais ela apresenta-se como um factor de cidadania e de participação. Marginais ou limitados níveis de habilidade literácica mantém os factores de desigualdade no Mundo. Justamente a pobreza, a desigualdade na repartição da riqueza e um acesso a empregos precários e mal pagos. É pois uma área que escolas e bibliotecas devem promover para que a participação de na comunidade seja possível e feita como ganho cívico e social para todos. As Nações Unidas deixam-nos alguns testemunhos sobre este Dia Internacional de Literacia. Aqui

quarta-feira, 29 de maio de 2013

ler, aprender, transformar...

"A sala de aula passa a ser apenas um entre muitos outros locais, na escola e fora dela, onde as experiências de aprendizagem têm lugar, […] A relativização do conhecimento científico introduz a incerteza no campo da educação e sublinha o valor da pesquisa individual e do desenvolvimento das capacidades de manuseamento da informação. Aprender é cada vez menos memorizar conhecimentos e cada vez mais preparar-se para os saber encontrar, avaliar e utilizar. A capacidade de atualização passa a ser uma ferramenta essencial ao indivíduo."

É um excerto de 1996, de uma das pessoas que à frente da Biblioteca Municipal de Évora tem trilhado formas novas de exprimirmos o que pode ser a nossa criatividade com ferramentas novas. Aprender é também e cada vez mais exprimirmos as diferentes formas com que a inteligência se manifesta, vuisualmente, auditivamente e cinesticamente. 
É uma oportunidade para construir a cidadania em horizontes de informação que mudaram e que precisamos de acompanhar. É uma oportunidade para rever conceitos antigos desajustados à formação social dos alunos, à sua socialização e de motivar os mesmos para rentabilizar formas de construir conhecimento de outro modo, mais dinâmico.
É uma oportunidade para as escolas, para acompanharem o processo de transformação da sociedade da informação. Utilizar, aceder, transformar torna-se assim um conjunto de processos capazes de moldar a informação em suportes de construção do conhecimento. É essencial permitir e incentivar que os jovens exprimentem formas novas de construir a sua abordagem ao mundo, a sua criatividade naquilo que será o seu mundo  e as possibilidades de nele intervirem.
 
Calixto, J. A. (1996). A Biblioteca Escolar e a sociedade de informação. Lisboa: Caminho.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

O Livro - ler e ver

Gonçalo M. Tavares, na abertura do seminário, em Serralves, sobre as Bibliotecas, que futuro podem ter e o que podem ser fez uma brilhante apresentação do livro, como objecto, como material de uma cultura e como património da memória. Deixou-nos algumas ideias importantes que devemos tomar em conta quando falamos em Bibliotecas.

As Bibliotecas poderiam ser classificadas como medíocres, satisfatórias ou excelentes se forem respectivamente uma construção de colecções, de serviços ou de comunidades. Este último critério é o que nos devolve o que elas podem ser para redefinirem uma função formadora e mobilizadora na sociedade actual. É necessário redefinir a função da Biblioteca, pois a repetição funcional do passado transformará a Biblioteca numa arqueologia da História.

Nesta redefinição importa verificar o que é o livro? O que nos permite concretizar no universo das ideias? A leitura é um imenso privilégio, pois significa que superámos as mais baixas condições da utilidade dos dias, que já não vivemos num quotidiano de carências, de sobrevivência e de medo. A leitura permite ter acesso a um espaço de recolhimento, para desfrutar momentos de lazer e de conhecimento.

O que faz a grandeza do livro é a sua essência, isto é, não a leitura em si, mas a criação das imagens que ela suscita.Podíamos dizer que a leitura vale pela sua literacia. O livro é um único suporte de leitura que se basta a si próprio, pelo que só depende do leitor, do seu tempo privado, ao contrário da televisão, ou do cinema. O livro chama-nos, carece do nosso entusiasmo.

Ler é assim, acima de tudo, o momento de construção de imagens, "o levantar a cabeça", imaginado essas imagens que a leitura trouxe. A leitura, a sua essência repousa na construção dessa reflexão, nesse tempo individual. A leitura isola o leitor, permite a imobilidade, instala o silêncio e concede-nos um processo de contra-movimento contra a cidade, o grupo, o barulho, o movimento, libertando-nos do tempo. Por isso a Biblioteca, como espaço de leitura assemelha-se a uma divindade, detentora de uma energia, como a de um templo.

A Biblioteca aprimora a concentração (cujo étimo do latim quer dizer, com um centro), promovendo o silêncio, a imobilidade e a individualização. Se a Biblioteca desistir desta sua  nobre função será outra coisa, que não um espaço acima do tempo e do espaço, onde os seus fantasmas nos falam dos temas eternos, o amor, a luz, a felicidade, a viagem, o outro. Deve assim a Biblioteca encaminhar os seus leitores ou utilizadores para um património literário e cultural que é a mais elevada forma de respeitarmos a nossa mortalidade. É a nossa graça, num tempo de cultivar as diferenças, mostrando estar disponível, ao tempo dos outros.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

BAD - reforçar o papel das Bibliotecas e Arquivos



A BAD - Associação Portuguesa de bibliotecários, arquivistas e documentalistas vive desde há alguns anos, um processo de renovação do seu papel na criação de uma identidade formativa de um conjunto de profissionais que sentem a informação como um recurso essencial nas sociedades contemporâneas, para o qual há um conjunto muito variado de ferramentas e conceitos a dominar.

No tempo da Web 2.0 e das bibliotecas digitais, onde os espaços dos livros são cada vez mais acompanhados pela construção de relações de acesso à informação de um modo mais individualizado e crítico na construção do conhecimento a partilhar em redes colaborativas, a BAD tem trazido uma abordagem mais visível com o seu Notícia Bad que nos traz contribuições diversas do mundo das bibliotecas e dos arquivos. As bibliotecas escolares que chegaram mais tarde ao domínio necessário da Gestão Documental, da Organização da Informação, das Leituras e Literacias e das Tecnologias de Iinformação e Comunicação têm aqui um apoio muito importante na formação dos professores bibliotecários, mas também na difusão das suas necessidades e visibilidade do que as comprometem no espaço escolar com a Informação.

A BAD torna possível desde há dois anos, a adesão a custos mais modestos da entrada nesta associação a professores bibliotecários, o que é uma oportunidade para aceder a formação de modo mais económico, mas também contribuir para a definição de uma identidade que é a do professor cuja missão numa escola é estimular o acesso mais rico e divergente à informação, como meio de expressão da cidadania. A quem quiser aproveitar a oportunidade para aceder e contribuir com a sua visão, aqui fica o acesso.

domingo, 24 de março de 2013

As Bibliotecas Escolares

"Porque a Biblioteca  faz leitores críticos, estimula a curiosidade, a imaginação e a partilha... ela é o lugar mais fantástico do mundo!"

A RBE tem sido uma das "formas estruturantes" de com as bibliotecas e as escolas desenvolver caminhos de envolver a leitura e a informação nos alunos. Num ano de incertezas este paradigma que a RBE deu consistência a uma nova forma de escola e de aprendizagem tem recebido alguns retrocessos. Desejamos que o seu papel como condutora de processos e de caminhos diferenciados possa continuar a crescer.

Nas notícias insistentes de incapacidade de postular a educação como um espaço de crescimento humano, teremos ainda possibilidade de caminhar dignamente, decentente para construirmos uma cidadania que se sabe expressar e fundamentar no que sabemos ser? Poderemos ainda construir em conjunto, um caminho de possibilidades, ou ficaremos reduzidos a acções vazias e sem assombro pelos dias?

Terá ainda a escola portuguesa espaço e oportunidade para alguma imaginação, para alguma ideia nova, um sentido de aprendizagem dinâmico que conjugue memória e transformação? Desejemos e lutemos para que a Biblioteca Escolar possa continuar a ser a respiração construída pelo pensamento humano na ideia grandiosa de Borges "como um espaço de tranquilidade e de redenção das nossas pobres qualidades humanas". (1)

(1) Jacques Bonnet, Bibliotecas cheias de fantasmas  

quinta-feira, 21 de março de 2013

A inspiração ... como caminho

"As bibliotecas são como os jardins. Para ter sombra temos que esperar que as árvores cresçam. Ou então colocámos umas árvores já feitas que ficam muito bonitas mas que morrem a seguir. A poetisa brasileira, Adélia Prado, diz: "não quero a faca, nem queijo. Quero a fome". Mais importante que ter lá os livros é ter fome deles". (1)

As Bibliotecas Escolares em Portugal vivem do trabalho, da dedicação, da imaginação de muitas pessoas, de muitas vontades, de todos os que compreendem que realmente a BIblioteca é o melhor lugar do mundo, porque diferentes pessoas têm a possibilidade de serem construtoras de cidadania consigo e com os outros. As bibliotecas são pois guardiãs dessa beleza de tentar ser o sonho de reconstruir quotidianos novos com as divindades do passado e com o olhar do presente.

Neste caminho fascinante e nunca terminado, com enquadramentos novos, com possibilidades reescritas pelos nossos passos, a leitura, os livros, os jovens, a literatura e o gosto pela expressão diferenciada de emoções e valores há quem primeiro visse esta luz. Esta possibilidade de com a escola construir espaços novos de conhecimento e aprendizagem, sem os fantasmas do passado, mas com a humildade apenas de querer saber mais.

Prémio europeu das bibliotecas escolares há alguns anos, ela foi uma das pessoas que cedo compreendeu o alcance das bibliotecas escolares numa organização como a escola. Nesta evocação de quem também ama as bibliotecas escolares, um sorriso sobre uma pessoa que tanto nos tem ensinado numa energia contagiante. A sua sabedoria e experiência tem sido um fator de progresso e de construção das bibliotecas escolares. Lembrar o papel das bibliotecas é também o daqueles que a têm construído em doses de grande partilha e afeto.


(1) (http://www.omirante.pt/noticia (2010)

quarta-feira, 20 de março de 2013

Open Library

A web 2.o como ferramenta e estratégia de comunicação dá-nos acesso a plataformas digitais, onde cada um pode exprimir as suas ideias, partilhar os seus conhecimentos sobre as temáticas mais diversas e que interessam a outros. No universo das bibliotecas, das escolas e da construção do conhecimento, o acesso a dados de informação é uma das possibilidades mais interessantes para construir comunidades virtuais de aprendizagem.

A open library é mais um exemplo do muito que podemos explorar e que podemos partilhar no universo da leitura. Participar na construção de uma Biblioteca em open acess, de uma forma em que os dados, o software e a documentação estão disponíveis à partilha é muito interessante. A ideia base da open libary é no "sentido" de uma wiki, a cada livro darmos uma página de internet, para o apresentarmos, comentarmos, dar-mos a conhecer, enriquecer com múltiplas edições, permitindo o enriquecimento múltiplo de diferentes utilizadores.

Projecto integrado no Internet Archive, foi fundada pela California State Library, disponibiliza recursos associados ao flickr sobre leitura e leitores, em múltiplos contextos e pode ser uma oportunidade para estabelecer-mos uma biblioteca pública do que gostamos ler.  Permite, pois a construção de uma base de dados sobre esse objecto maior da criação humana e que como Borges disse " é o único objecto que sendo uma extensão do nosso corpo" alimenta a imaginação como nenhum outro. Aceder aqui.

As leis de Ranganhatan

Shiyali Ranganathan em 1931, no seu livro The Five Laws of Library Science,  apontou cinco leis que serviram para estabelecer princípios da biblioteconomia e que serviram para orientar o papel das bibliotecas durante décadas. As cinco leis apresentavam-se com os seguintes princípios.

1ª Lei - Os Livros são para serem usados. (O papel dos livros e a sua função numa sociedade desenvolvida é de ser um meio para criar conhecimento e fazê-lo parte do crescimento individual dos indivíduos.)

2º Lei - Todo o livro tem o seu leitor. (Para se encontrar o leitor de um livro é necessário fazer a divulgação do livro, o que hoje diríamos difusão da informação.)

3ª Lei - Todo o leitor tem o seu livro. (Encontrar um livro que interesse a um leitor é uma preocupação ainda hoje das bibliotecas. Conhecer os seus utilizadores e reformular a colecção).

4ª Lei - Poupe o tempo do leitor. (Dar ao leitor um acesso fácil, interessante e agradável dos documentos é uma preocupação que ainda hoje as Bibliotecas sentem. O livre acesso e a simplificação dos processos é uma orientação que ainda hoje procuramos.)

5ª Lei -  Uma Biblioteca é um organismo em crescimento. (Que utilização damos às Bibliotecas, como gerimos quantidades cada vez maiores de informação. Que uso e apoio nos dá o digital nesta construção).

Imagem, (Via (Australian School Library Association)

terça-feira, 19 de março de 2013

Fazer leitores


O que é uma Biblioteca Escolar?
É, como sempre foi, um lugar de procura de saber. Mas hoje o que se procura, o que se encontra, o modo como se opera para encontrar, as tecnologias que usamos, não são apenas a tecnologia do livro – temos recursos em suporte papel e em suporte digital. E as bibliotecas escolares são também os professores bibliotecários. São eles os orientadores, quem transmite aos miúdos uma consciência dos méritos e das vantagens acrescidas, mas não escondendo os seus perigos – no sentido da ilusão de que tudo o que está na internet é verdadeiro. A era da web não pode viver só da destreza, tem de viver de competências que não são inatas. Nenhum leitor nasce leitor. E isso é válido tanto para a tecnologia do livro como para o ambiente digital. Os leitores fazem-se com trabalho, com produção, com prática continuada.
Segundo o último estudo do PNL, o interesse dos jovens pela leitura aumentou e 52, 4 % consideram-na agora muito importante. As bibliotecas escolares tiveram um papel nessa mudança de atitude?
Quero crer que sim. O estudo demonstra que há um trabalho de retaguarda da Rede de Bibliotecas Escolares, que há mais miúdos a frequentá-las, uma melhor qualificação e que a oferta se vem adequando aos tempos. Costumo dizer que as bibliotecas escolares são a infraestrutura, e o PNL, uma espécie de supra-estrutura, que trouxe uma narrativa construída para divulgar a leitura como um bem, valorizá-la socialmente, torná-la uma imagem de marca. Os miúdos habituam-se a que “LER+” não é uma coisa “cota”, os pais associam “LeR+” a uma marca de qualidade, e isso trouxe, objectivamente, como verifica este estudo, uma valorização da leitura.

O que é ler com competência?
Primeiro, é ganhar o código de leitura. Tal como andar de bicicleta ou nadar, o que exige tempo e persistência. Depois, é necessário ter mecanismos para perceber o que os miúdos, mesmo lendo com destreza, não entendem porque ler é interpretar. Muitos meninos acabam o 4º ano sem essa competência bem cimentada. Estão condenados a serem maus leitores, logo maus alunos, em muitos casos reproduzindo a exclusão que transportavam à entrada da escola. Os estudos do PISA demonstram que em Potugal a escola é inclusiva, e a biblioteca ajuda também nesse trabalho. Tendo em conta que quando entra na escola um menino de uma família mais letrada está logo condenado a ler melhor porque tem o triplo do vocabulário de outra criança de famílias menos letradas, percebe-se a importância do trabalho da escola e da biblioteca.

Em época de crise, o papel das bibliotecas é ainda mais importante?
Acho que sim. Falamos sempre das bibliotecas como locais de inclusão, quer pelos recursos que têm quer pelo facto de quem as governa desempenhar um trabalho que muitas vezes as famílias não fazem porque não sabem ou porque não podem. Quanto mais vivemos no mundo da informação (e hoje a atravessar momentos de menor abundância), mais as bibliotecas, como lugar de abundância, devem ser usadas em rede. Tenho consciência de que, no caso das bibliotecas escolares, o que verdadeiramente faz a   diferença é ter lá pessoas que governam as bibliotecas. Se assim não for, são subaproveitadas. 
In Visão, 20 de Outubro de 2011

(via http://blogue.rbe.min-edu.pt)

Exprimir a Criatividade


A Rede de Bibliotecas Escolares e a Pordata voltaram neste ano letivo a lançar um concurso para os alunos das escolas secundárias. Pretende-se que os alunos utilizem a extensa e muito interessante base de dados da sociedade contemporânea portuguesa e/ou Europeia e com ela apresentem projetos/trabalhos de âmbito curricular.

É uma iniciativa muito interessante a dinamizar nas ecolas, pois aprofunda o conhecimento da evolução da sociedade contemporânea, assim como a leitura de metadados e ainda a construção de conhecimento, base das literacias de informação.


Abaixo os documentos a consultar para um conhecimento detalhado da iniciativa.

Casa das Ciências

A Casa das Ciências é um projecto / programa da Fundação Calouste Gulbenkian de apoio aos professores das áreas das Ciências dos ensinos básico e secundário. Trata-se de um portal muito interessante com recursos diversos organizados por diferentes critérios de pesquisa.

É possível escolher entre os diferentes ciclos/anos, ou optar por critérios temáticos relativos a diferentes diciplinas, ou ainda tentar encontrar recursos por tipo: documentos, hipertexto, apresentações ou aplicações. Há dois anos que este recurso está disponível para consulta e pode ser melhorado com as contribuições de docentes, tendo sempre a avaliação científica que suporta o projecto.

A Casa das Ciências , cujo projecto tem dois anos acrescenta agora um recurso adicional aberto a todos os que se interessam pelas áreas científicas da Biologia, Geologia, Física, Química ou Matemática com uma Wiki, designada Wikiciências e que procura ser um espaço de partilha e consolidação de conhecimentos para professores e alunos, ou simplesmente interessados nesta temática.

As TIC na educação

A Unesco lançou um novo site sobre o uso das TIC na educação, com a participação de diferentes instituições na ideia base de partilha de recursos para a construção de uma comunidade humana mais bem preparada pelo conhecimento para enfrentar as dificuldades do mundo actual, neste novo século.

Assente em princípios como "a equidade, o acesso universal, aprendizagem e educação de qualidade, formação de professores e gestão da educação", esta iniciativa da UNESCO pretende formular ideias, estratégias e projectos na educação, complilando kits pedagógicos e recursos vários para a promoção da aprendizagem como valor de cidadania.

Integra as redes sociais do Facebook e Twitter, de modo a dar mais visibilidade ao projecto que se pretende de valorização do conhecimento e da oportunidade a novos públicos e continentes nessa aventura sempre estimulante de aprender, conhecer e participar.

Ideias simples


A simplicidade é um valor que não se cultiva neste País. De cada vez que um novo governo se propõe governar um país gostamos de marcar os dias com ideias não só originais, mas de grande alcance, entre a espuma dos dias e o futuro que se julga ser sempre grandioso pela simples acção de quem governa.

Qualquer um se julga capaz dos maiores feitos capaz de interferir no arco-íris, nos ritmos solares dos dias e nas ideias revolucionárias com que sempre se deve reescrever a educação. Pensam por toda a sociedade, esclarecem tos os passos que qualquer um deve dar e são proteccionistas das nossas infinitas incapacidades. É o governo educativo da Nação.

Nesta conquista todos se lançam das ideias retiradas à pressa das cartilhas à disposição de quem não gosta de pensar, de reflectir sobre a sociedade, a sua formação e participação. Neste esclarecimento dividem-se as pessoas, os incapazes, os que nada sabem, os que não compreendem a bondade do génio governativo em educação e os outros. Pagamos no momento um alto preço por esta falta de construção da cidadania.

E no entanto, o que sempre nos faltou é a simplicidade. O Projecto que deixamos em baixo revela-nos que uma comunidade educativa pode autonomamente congregar ideias, convicções, projectos de construção do conhecimento que é o suporte para ter imaginação para resolver as dificuldades dos dias.

São as instituições intermédias que dão consistência à Democracia, peso para a participação activa das pessoas. Um exemplo do que também por aqui deveria nascer, se o Ministério da Educação percebesse o que é a construção da cidadania e se limitasse a regular o sistema, sem querer ser o dono do pensamento e o executante simplório do tamanho das linhas que se podem escrever.


(Informação, via Lerdoler.blogspot.com)

segunda-feira, 18 de março de 2013

A leitura e o livro


"Tenho usado as palavras para tudo quanto me falta. Sei que, por muita ilusão, me convenci a vida inteira de que aludir às coisas era já um pouco possuí-las e pertencer-lhes, como um modo de sonhar acordado que, para mim, funcionou e me permitiu sempre alguma felicidade. Os textos, por isso, foram-me reiteradamente úteis, entre serem capazes de inventar as maiores fantasias como de explicarem também a mais evidente realidade. Em certas alturas, os textos foram tudo, tiveram o ofício de ser tudo, sobretudo exterminando uma solidão para que me remetiam a timidez e um desajeitado modo de ser. Isso, por si só, haverá sempre de fazer de mim o mais grato dos homens a isto que é ler e escrever. Ficarei sempre grato aos livros.
Sou eminentemente outro após um livro, um que escreva ou que leia. Procuro nas palavras aquilo que me acrescente, por me faltar, que proponha o que nunca lera, o que nunca pensara e assim me elucide melhor, me suscite a questão e incentive à procura de uma resposta. A aventura dos livros é toda essa. A contínua descoberta da infinitude dos assuntos, da infinitude do pensamento, que deve ensinar-nos a aceitação, essa coisa que por outra palavra muitos chamam tolerância.
A leitura é toda ela um exercício de contacto com o outrora desconhecido e pretende, acima de todas as coisas, a partilha, um reconhecimento de lugar, como um respeito mútuo. A aceitação. Ler é praticar a sociedade. Ler é efectivar a sociedade. É receber o mais depurado dos pensamentos de que alguém foi capaz de ponderar, ainda que tantas vezes ludicamente, como a vida foi, como é, e como poderia ser melhor. Ler é ter passado e fazer futuro."

in, Valter Hugo Mãe, "Convite", Revista MAG

As Bibliotecas e a Web 2.0

Vinte Ideias sobre Browers e a Web

Um Livro animado da Google, com ideias informativas para a utilização mais fácil da web e dos conceitos que são utilizados com a frequência com que todos reconhecemos. A consultar aqui.

Recursos de Leitura

A Casa da Leitura, através da Fundação Calouste Gulbenkian lançou um site que promove a leitura e um conjunto de recursos ligados ao livros para jovens até aos doze anos. Da leitura, à audição e à experimentação lúdica, muitas são as possibilidades para promover o gesto da leitura com prazer e gosto. A visitar aqui.

Do livro ao leitor


A História das Instituições e a evolução social estão marcados por um objecto que lê o que nos rodeia e que é por isso uma ferramenta de análise e de assimilação de valores culturais. A importância do livro nas sociedades históricas releva da construção da memória, da afirmação e coesão do contexto social, mas também das suas marcas nos espaços privados, na construção do gosto individual. Exemplos da tentação de domesticar as ideias, pela posse de livros censurados, a sua destruição como objecto desorganizador do quotidiano não faltam.
O livro empresta aos seus utilizadores uma desafiadora noção de individualidade, capaz de fazer criar a dúvida, a inquietação e é por isso que alguns no extremo acreditaram que queimar o livro, é destruir as palavras e a as ideias que nele vivem. Acreditaram infantilmente que o passado podia ser mais que apagado, reescrito. O livro tem pois um valor significativo, mas também simbólico. Ele empresta ao quotidiano aspectos organizativos, concedeu valoração a muitas representações culturais e certificou ideias emergentes e causas. O livro revela-se como objecto e ferramenta de um quotidiano, onde o leitor constrói a escrita do livro.
António Lobo Antunes costuma dizer que depois de escrito, o livro é do leitor. As diversas leituras dão ao livro significados diferentes no tempo e no espaço. Leituras do próprio autor, em função de contextos diferenciados, onde a leitura pública ofereceu respostas à formação de leitores, às dúvidas do autor e também à censura dos livros. Compreender o acto criativo pelas palavras é ainda hoje um mistério e o verdadeiro desafio para comparar o diálogo entre a voz do escritor e a a voz do texto. Leitura e assimilação que foi feita de modo diverso e que as portas da leitura realizaram ao alimentarem mundos particulares.
É o caso do universo feminino que pela leitura reelaborou no privado o que publicamente lhe era inacessível. De que modo a leitura nas mulheres fez questionar as regras e as possibilidades quotidianas, como se alimentou o coração das sílabas e como elas influenciaram o vivido é algo que o autor do livro nos dá apenas parceladamente. Uma História que relacione as mentalidades e os quadros mentais com a vida vivida e a oferecida pelos livros é algo que está ainda timidamente feito. A análise dos personagens dos livros reflecte esta distinção na sociedade e é um dos aspectos simbólicos do livro. O seu leitor. Ele é também o criador de uma conversação consigo próprio, mas também com o mundo.


(imagem, in http://booklover.tumblr.com/)

As Bibliotecas



domingo, 17 de março de 2013

Bibliotecas - Pessoas, recursos e informação

Recursos Educativos

Um conjunto de materiais de apoio à literacia, disponibilizado de uma forma atraente e com múltiplas escolhas. Para aceder basta realizar um registo simples. A conhecer ... (em construção)

Literacias - Os desafios para a Escola / Biblioteca

Biblioteca - um espaço de oportunidades

Google Art Projet


A Google dá-nos mais uma oportunidade de aceder a fontes de informação de grande importância, colocando as obras de arte de um conjunto de museus à distância de um click. Certamente não é o mesmo que percorrer com os nossos passos, as galerias do Metropolitan de Nova Iorque,  o Museu Van Gogh em Amesterdão ou National Gallery de Londres. 

Mas é uma excelente proposta de aceder ao conhecimento deste espólio, podendo-se se fazer visitas virtuais a um conjunto diversificado de museus. É possível escolher as que mais gostamos num perfil e partilhar com outros utilizadores.

Para aceder, ao Google Art Project e deslumbrarmo-nos com algumas das melhores formas de expressão da criatividade humana, aqui.

sábado, 16 de março de 2013

Educação pública e criatividade

A Biblioteca 2.0

A leitura


"A leitura constitui para o homem uma companhia que não ocupa o lugar de nenhuma outra, mas que nenhuma outra poderia substituir." (1)

A leitura é um arte e uma aprendizagem. Edifica-se num artesanato laborioso da palavra, no olhar iluminado da visão e na percepção íntima dos gestos que nos restituem a individualidade de cada um. A leitura, construída no acto de ler é uma respiração que se apresenta, se disponibiliza universalmente a cada um, na linguagem do signo, da descoberta dos sentidos e na materialização do conhecimento.

A leitura como acto de construção, de desenho individual de uma intimidade própria, libertadora da presença e da orientações exteriores, revela dificuldades em se afirmar, com prazer em públicos jovens. Este é um desafio para a escola, para as Bibliotecas e para os educadores em sentido geral.

Desafio que nos conduz ao que é o livro, o seu papel na sociedade, o modo como lidamos com as suas representações. As transformações no mundo do trabalho, os novos tempos sociais, a urbanização acelerada transformou os jovens em clientes de uma sociedade, onde múltiplos écrans diluem esse prazer pela palavra escutada.

Um dos grandes desafios da Biblioteca é de restaurar esse prazer na leitura, invocando as vozes, sons e cheiros que acompanham a escrita laboriosa dos ausentes que a nós chegaram. É essencial convocar nos públicos jovens este mundo admirável, onde o espaço e o tempo se concentram em momentos fugazes de eternidade. Daniel Pennac deu-nos em, Como Um Romance, as linhas que importa cuidar para restaurar essa respiração que nos alimenta a magia do ser. Com ele solicitamos às palavras esse grito de presença no quotidiano:

"Não declamou Flaubert a sua Bovary em altos gritos (...) Não estará ele definitivamente melhor colocado do que qualquer outro para saber que a compreensão do texto passa pelo som das palavras, de onde deriva todo o seu sentido? Não saberia ele como ninguém, ele que tanto lutou contra a música intempestiva das sílabas, contra a tirania das cadências, que o sentido se pronuncia? (...) Gigantescos anunciadores do sentido, venham cá! Venham soprar nos nossos livros! As palavras precisam de corpo! Os nossos livros precisam de ter vida!" (2)

(1)/(2) - Daniel PennacComo Um Romance, Edições Asa
Imagem, in http://osilenciodoslivros.blogspot.com