Estás a ouvir a neve a bater nos vidros da
janela, Kitty? Como é agradável e suave o som que faz! É como se alguém lá fora
estivesse a encher a janela toda de beijos. Eu bem queria saber se a neve gosta
mesmo das árvores e dos montes, pois são tão suaves os beijos que lhes dá! E depois
cobre-os com tanto cuidado, sabes... como uma colcha branca, e talvez diga
assim: "Vamos dormir, queridos, até vir o Verão
outra vez." E quando acodam, no Verão, Kitty, vestem-se
todos de verde e põem-se a dançar... sempre que houver vento... Oh, como deve
ser lindo! - exlamou Alice, deixando cair a meada de lã para bater palmas. -
Como eu gostava que isso fosse verdade! Tenho certeza de que no Outono as
florestas têm um ar cheio de sono, logo que as folhas começam a ficar
castanhas.
Sob o luminoso céu, num sonho,
Desliza o barco,
vagarosamente.
Era uma tarde de Julho...
Abraçadas, três crianças
De olhar brilhante, ouvido atento,
Felizes, escutavam ingénua história.
Empalideceu já o luminoso céu,
Perderam-se as vozes e as lembranças,
Geadas outonais invadiram o calor do
Verão.
Outras crianças escutarão ainda
Esta história, de olhar brilhante, ouvido
atento,
Amorosamente abraçadas.
Viajando no Mundo das Maravilhas,
Esquecidas dos dias que passam,
Esquecidas dos Verões que morrem.
Deslizam na onda, sonham,
Demorando-se no brilho da Luz....
Ea vida, o que é, senão um sonho?
Lewis Carroll. (2010). Alice do
outro lado do espelho. Lisboa: Publicações Europa-América
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