sábado, 17 de março de 2018

Um poema por dia ... (1)

Um poema por dia - a imaginação para iluminar ou compreender o real!

Bailarina fui
Mas nunca dancei
Em frente das grades
Só três passos dei

Tão breve o começo
Tão cedo negado
Dancei no avesso
Do tempo bailado



Dançarina fui
Mas nunca bailei

Deixei-me ficar
Na prisão do rei

Onde o mar aberto
E o tempo lavado?
Perdi-me tão perto
Do jardim buscado

Bailarina fui
Mas nunca bailei

Minha vida toda
Como cega errei

Minha vida atada
Nunca a desatei
Como Rimbaud disse

Também eu direi
«Juventude ociosa
Por tudo iludida"
Por delicadeza
Perdi minha vida

Sophia de Mello Breyner Andresen. (1977). "Por delicadeza, in O nome das coisas. Lisboa: Moraes Editores.

Sem comentários:

Enviar um comentário