É um mês de
muitas possibilidades. É um recomeço a construir um pensamento livre, como uma
circunferência de giz a imaginar detalhes de um sonho. É um mês de
promessa, o do Verão a sobrar de dias ainda pouco quentes, de uma luz de cor de
mar, ou de céu de montanha. É um mês de livros, a declamar palavras em ruas de
chuva, a sonhar com o mês das rosas.
É Abril, um mês a imaginar um pensamento, como aves penduradas no vento.
É Abril, um mês a imaginar um pensamento, como aves penduradas no vento.
Contemplava a própria vida
na sorte desses instantes
que tanto se assemelham a furtivos
lírios
à chegada da noite
mas dizia: um coração é sempre um
pássaro
evadido à censura da penumbra
nenhum sofrimento conseguia desfazer
as muitas exaltações que mantinha
e mesmo à beira do abismo
exibia uma facilidade talvez sem
razão
quando a arte das chamas se tornou
nas cidades uma ciência ameaçada
percebemos que há muito nos falava
do interior das florestas
José Tolentino Mendonça. (2010).
“Furtivos lírios”, in Baldios. Lisboa: Assírio & Alvim.
Imagem (Via Dias com Árvores)
- Vicia latyroides, ou Ervilhaca-miúda: na confluência do rio Sabor e
Maçãs (Terra Quente - Trás-os-Montes).
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