O mês de outubro é escolhido há já vários
anos pela ISAL, (International Association of School Librarianship) como o mês
das Bibliotecas Escolares. Em cada ano a IASL escolhe um tema que procura
agregar temáticas ou questões pertinentes para o universo das bibliotecas
escolares. O Tema deste ano é, Biblioteca Escolar, um mapa de ideias, o que nos
faz pensar sobre o que são e o que podem ser as Bibliotecas Escolares num
contexto de mudança tecnológica, de imprevisibilidade económica e social e de
dúvidas sobre os formatos que a educação pode assumir neste contexto.
As Bibliotecas Escolares representam ou
devem representar uma centralidade na escola pela sua relação com o currículo e
com a manipulação de conteúdos informacionais e de envolvimento das
competências digitais. Num mundo de informação, o livro é ainda um objeto, um
material de cultura e um património de memória. É importante redefinir o papel
da Biblioteca num contexto de sociedade de informação. Neste sentido o que é um
livro? O que nos permite ele concretizar no universo das ideias?
A leitura é um imenso privilégio, pois
significa que superámos as mais condições da utilidade dos dias, que já não
vivemos num quotidiano de carências, de sobrevivência e de medo. A leitura
permite ter acesso a um espaço de recolhimento, para desfrutar momentos de
lazer e de conhecimento. O livro é o único suporte de leitura que se basta a si
próprio, pelo que só depende do leitor, do seu tempo privado, ao contrário da
televisão, ou do cinema. O livro chama-nos, carece do nosso entusiasmo.
O que faz a grandeza do livro é a sua essência, isto é, não a leitura em si, mas a criação das imagens que ela suscita. Podíamos dizer que a leitura vale pela sua literacia. O livro é um único suporte de leitura que se basta a si próprio, pelo que só depende do leitor, do seu tempo privado, ao contrário da televisão, ou do cinema. O livro chama-nos, carece do nosso entusiasmo.
Ler é assim, acima de tudo, o momento de construção de imagens, "o levantar a cabeça", imaginado essas imagens que a leitura trouxe. A leitura, a sua essência repousa na construção dessa reflexão, nesse tempo individual. A leitura isola o leitor, permite a imobilidade, instala o silêncio e concede-nos um processo de contra-movimento contra a cidade, o grupo, o barulho, o movimento, libertando-nos do tempo. Por isso a Biblioteca, como espaço de leitura assemelha-se a uma divindade, detentora de uma energia, como a de um templo.
A Biblioteca aprimora a concentração (cujo étimo do latim quer dizer, com um centro), promovendo o silêncio, a imobilidade e a individualização. Se a Biblioteca desistir desta sua nobre função será outra coisa, que não um espaço acima do tempo e do espaço, onde os seus fantasmas nos falam dos temas eternos, o amor, a luz, a felicidade, a viagem, o outro.
Deve assim a Biblioteca encaminhar
os seus leitores ou utilizadores para um património literário e cultural que é
a mais elevada forma de respeitarmos a nossa mortalidade. É a nossa graça, num
tempo de cultivar as diferenças, mostrando estar disponível, ao tempo dos
outros. É esta conciliação que torna difícil concretizar esta aspiração de
juntar o livro à expressão de uma valor digital, de aprofundamento de técnicas
de estudo. A Biblioteca Escolar deve procurar esta ligação, pois nela reside o
fundamento e o significado da sua existência numa escola.
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