Amadeo
nasceu em Manhufe, no concelho de Amarante, a 14 de novembro de 1887. Cresceu
no seio de uma família rica de proprietários rurais. Passou a sua infância
entre a casa de Manhufe e a cidade de Espinho. Aí conheceu Manuel Laranjeira,
cuja amizade foi determinante para incentivar a prática do desenho. Amadeo
desenvolveu essa prática em Lisboa, no âmbito dos estudos realizados na
Academia de Belas-Artes de Lisboa, nos anos de 1094 e 1905. Em 1906, parte para
Paris, na companhia de Francisco Smith. Partiu sem saber quando voltaria.
Instalou-se no Boulevard Montparnasse e preparou a sua entrada por concurso na
École des Beaux Arts. Paris com seu o ambiente fervilhante de ideias e figuras,
fascinou-o.
Influenciado
de modo particular pela ilustração que circulava na imprensa francesa, Amadeo
dedica-se ao desenho e à pintura. Nos primeiros anos, convive em Paris com
outros portugueses, com destaque para Manuel Bentes, Eduardo Viana ou
Domingos Rebelo Smith. Com eles vive um espaço de boémia e tertúlias no seu
estúdio, nº 14, da Cité Falguière. Este convívio foi de curta duração. Em 1908,
conhece Lucia Pecetto, com quem casará em 1914, e começa a frequentar as
classes da Academia Viti, do pintor espanhol Anglada-Camarasa. Muda o seu
ateliê para a rue de Fleurus, num espaço próximo do apartamento de Gertrude
Stein. O afastamento do círculo português é uma opção para mudar o seu sentido
plástico. Amadeo trabalha a um ritmo de grande exigência e de compromisso com
as ideias que vai absorvendo. Pesquisa as ideias do modernismo em
desenvolvimento em Paris.
É
esse contexto de investigação das ideias do Modernismo que, em 1910, o leva a
entusiasmar-se pela pintura flamenga, numa visita que faz a Bruxelas. É, ainda,
neste período, que aprofunda a amizade com Amedeo Modigliani. Em 1911, muda de
estúdio e instala-se próximo do Quai d’Orsay, na rue du Colonel Combes. A sua
primeira exposição, em 1911, apresenta um conjunto de seis pinturas, no Salon
des Indépendants. Ainda em 1911, no estúdio da rue du Colonel Combes, realiza
uma exposição conjunta com Modigliani. Entre 1912 e 1914, mostra o seu trabalho
no Salon d’Automne.
Por
esta altura, Amadeo aumenta o seu círculo de amizades e de conhecimentos.
Conhece Umberto Boccioni, Gino Severini, e Walter Pach. Será este último a
convidá-lo a participar no Armory Show. Conhece e contacta com outros nomes
importantes da arte como Juan Gris, Max Jacob, Sonia e Robert Delaunay,
Brancusi, Archipenko, Umberto Brunelleschi e Diego Rivera, entre outros.
Amadeo
cimenta o seu interesse pelo desenho e entusiasma-se na preparação do
manuscrito ilustrado da Légende de Saint Julien l’Hospitalier de
Flaubert e pela publicação do álbum XX Dessins, com prefácio de Jérôme Doucet.
O álbum é reconhecido como de grande valor pelo célebre crítico Louis
Vauxcelles.
Amadeo
procura alargar o seu círculo de contactos e expandir-se para fora de Paris. Para
tal, consegue participar numa série de importantes exposições, entre as
quais a célebre Exposição Internacional de Arte Moderna de 1913, também
conhecida como Armory Show, que mostraria pela primeira vez
a moderna arte europeia nos EUA (Nova Iorque, Chicago e Boston). Amadeo
apresenta oito obras, ao lado de Braque, Matisse, Duchamp, Gleizes, Herbin e
Segonzac. Nesta mostra consegue vender três telas a um colecionador de arte
americano, Arthur J. Eddy. Este colecionador de Cubist and
Post-Impressionism (1914), cita e reproduz algumas das obras do pintor
português. Em setembro de 1913, muda-se para outro estúdio, na rue Ernest
Cresson e, meses depois, a sua obra é apresentada no I
Herbstsalon de Berlim, organizado pela Galeria Der Sturm.
Em
abril de 1914, enviou três trabalhos para a Royal Academy de Londres, que nunca
foram expostos devido ao início da 1ª grande Guerra. Ainda nesse ano, muda de
ateliê e instala-se no nº 38 da rue Boulard, na Vila Louvat, que nunca chegará
a utilizar. Nesse mesmo ano, depois de uma passagem por Barcelona onde conhece
Gaudi, regressa à aldeia de Manhufe. A Guerra impede-o de regressar a Paris. Em
Portugal, continuará a sua obra, explorará a abordagem que fazia em Paris nos
domínios da abstração e do expressionismo e abre um novo compromisso estético
com formas de trabalho no domínio da colagem. Em 1915, com a visita de Sonia e
Robert Delaunay, que passam por Vila do Conde, recupera os contactos com o
grupo português, com destaque para Eduardo Viana, e conhece Almada Negreiros.
Será através deste que conhece o grupo dos “Futuristas” em Lisboa,
reunidos, no início, à volta da revista Orpheu.
Amadeo
acabou por ter uma influência significativa no panorama da Arte em Portugal do
seu tempo, ao ligar-se à postura modernista que Pessoa, Almada ou Sá-Carneiro
difundiam. Essa forma de abordagem ao mundo foi reconhecida por Amadeo como
importante para fazer a ruptura com as estruturas tradicionais dominantes. As
mesmas estruturas que não o compreenderam, aquando das duas exposições feitas
em Portugal. Essa mostras ocorreram no Porto e em Lisboa, em 1916, e tinham
por Abstracionismo. A estética nacional dominante não o
compreendeu, não aceitou as suas linhas pictóricas, num ambiente de quase
escândalo. Almada Negreiros e Fernando Pessoa compreenderam-no e tentaram
defendê-lo, reconhecendo-o como o pintor mais importante do seu tempo. Foram,
contudo, manifestações de apoio isoladas. Amadeo morre em Espinho, em outubro
de 1918, com trinta anos, vítima da epidemia de pneumónica que deflagrou nesse
ano. (parte dos materiais
a incluir num dos Boletins Bibliográficos)
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