Aprendia a ser-se. De um
toque de dedos derrubava o chapéu para a nuca, quedava-se inclinado sobre um
quadril, ou então descia solidamente a escadaria de granito, estacava de pernas
afastadas, farejando afrontas e risos, pronto a replicar. Deste modo se
estabelecia numa certeza conjectural, se reunia forças para se ter íntegro e
violento em seu inexaurível desejo de vida.

Os rafeiros vinham devagar até ele,
rondar-lhe a figura, deitavam-se-lhe aos pés. Um carro de bois insistia
ronceiro em sua marcha, arrastando a paciência na estrada por detrás da casa.
Um dos tios de Amadeo iniciou a escrita de uma obra que seria a biografia de uma vida, justamente a de Amadeo de Souza-Cardoso. Mário Cláudio com conhecimentos na região pela sua própria origem nas terras entre Douro e Minho veio a ter acesso a esse texto inicial. A partir dele escreveu um texto belo e substantivo, narrativo e poético que tenta chegar a esse ponto inicial do homem antes do artista. Que tenta chegar ao desenho de uma vida. É um texto que nos confirma ou inicia a quem não conhece as formas desse brilho humano chamado Amadeo de Souza-Cardoso.
Mário Cláudio. (2016). "Amadeo", in Triologia da Mão. Lisboa: D. Quixote, página 26, 27
Um dos tios de Amadeo iniciou a escrita de uma obra que seria a biografia de uma vida, justamente a de Amadeo de Souza-Cardoso. Mário Cláudio com conhecimentos na região pela sua própria origem nas terras entre Douro e Minho veio a ter acesso a esse texto inicial. A partir dele escreveu um texto belo e substantivo, narrativo e poético que tenta chegar a esse ponto inicial do homem antes do artista. Que tenta chegar ao desenho de uma vida. É um texto que nos confirma ou inicia a quem não conhece as formas desse brilho humano chamado Amadeo de Souza-Cardoso.
Mário Cláudio. (2016). "Amadeo", in Triologia da Mão. Lisboa: D. Quixote, página 26, 27
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Biblioteca de Arte - Fundação Calouste Gulbenkian
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