quarta-feira, 4 de maio de 2016

O primeiro modernismo - As vanguardas


Eu trago sempre comigo ilusões, uma juventude forte e inquieta [...] A vida deu-me um destino a cumprir.

A Biblioteca irá promover uma exposição e um conjunto de atividades que vão procurar relacionar Fernando Pessoa e a arte o seu tempo, justamente as Vanguardas. Falaremos do Orpheu, do modernismo como movimento cultural e estético, de Pessoa e da sua poesia, de Almada Negreiros e daremos um destaque significativo a Amadeo da Souza Cardoso. Ele será com Pessoa o centro dessa produção de materiais e de divulgação poética e artística.

Amadeo de Souza-Cardoso foi uma das figuras mais importantes da pintura portuguesa do século XX e deixou um marco expressivo na cultura portuguesa, pelas possibilidades que criou na formulação das ideias e de como estas poderiam recriar horizontes novos. Sentimos nele o valor do movimento modernista, que conhecemos com a revista Orpheu e com Pessoa, mas chegamos a fronteiras diversas, a que levaria ao expressionismo e ao cubismo. Na verdade, Amadeo inspirou-se no seu meio geográfico, de onde colheu formas e cores a que daria plasticidade com o que encontrou em Paris, para onde partiu, em 1906. 
Manuel Laranjeira, definiu-o como “um artista no significado absoluto do termo" e vemos nele uma força criadora de grande significado, uma preocupação com o trabalho produzido, a superação dos valores burgueses que ele conhecia, a dimensão artística da arte, como forma de transformar o mundo e a vida. 
Amadeo nasceu em Amarante, a 14 de Novembro de 1887, pertencendo a uma numerosa família, com bons recursos económicos. A sua passagem por Espinho permitiu-lhe conhecer Manuel Laranjeira que o incentivou na prática do desenho, que ele explorou, quando entrou em Belas Artes, em Lisboa, em 1905. Em 1906 parte para Paris, onde irá dar continuidade aos seus estudos. A ilustração que se praticava em Paris, fê-lo abandonar a arquitectura, tendo-se dedicado ao desenho de forma plena.
Esta frequência do espaço parisiense deu-lhe a conhecer figuras que o ajudarão a definir-se, como Eduardo Viana, Anglada-Camarasa, ou ainda Gertrude Stein. Em Paris, Amadeo conhece de perto o movimento modernista, aproximando-se de figuras que em diferentes geografias da cor, lhe vão permitir tornar-se o grande pintor que foi. Internacionaliza-se, realiza mostras da sua arte. Primeiro, em 1912, no Salon des Indépendents, e em 1914 no Salon d’Automne.  
Os seus contatos permitem-lhe integrar exposições, fora do circuito de Paris. Participa no Armory ShowExposição Internacional de Arte Moderna, que se realiza em Nova Iorque, Chicago e Boston. Integra o catálogo de Arthur J. EddyCubist and Post-Impressionism, onde se realça a sua plasticidade e cor. Também na Alemanha participou no  I Herbstsalon de Berlim. Passará também por Portugal, com duas exposições, onde vinha na época de verão.

Amadeo procurou agitar o meio artístico português, com as ideias do manifesto do Futurismo, de modo a romper velhas estruturas, mas o seu sucesso foi limitado. O campo estético não lhe foi favorável e apenas contou com os apoios públicos de Pessoa e Almada, aquando de uma das suas exposições. Morreu em Espinho, em Outubro de 1918. É uma das grandes figuras da História Contemporânea, mas à semelhança dos seus amigos do Orpheu, as suas ideias não foram integradas num país ausente da si próprio. E essa é uma das chaves da permanência do País, pelo esquecimento e pela sua marginal participação numa civilização de desenvolvimento humano. 

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